segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Trilho do Ourigo, Parte 2 - Na Boca do Lobo!

Depois da desistência do ano passado, tínhamos de voltar a tentar fazer este trilho. Não nos ficamos assim às primeiras!!!
Até porque o percurso promete. São 21 Km pelas terras de Barroso, que mesmo compensados pelo pouco desnível prometem deixar umas marcas para os dias seguintes!


Embora não conste do folheto do trilho, um dos atractivos do percurso é o Fojo do Lobo de Avelar .
É um fojo de paredes convergentes. Duas paredes com cerca de dois metros de altura convergem para a armadilha.

A relação do homem com o lobo foi sempre marcada pela perseguição. Para combater o carnívoro todos os meios eram válidos e alguns implicavam grande engenho e dispêndio de energia. Os fojos do lobo são disso exemplo. Construídos no meio da serra, com paredes de pedra com dois metros de altura, implicavam a mobilização de toda a aldeia. Toneladas de pedra eram transportadas em carros de bois com um único fim - dizimar o lobo que lhes atacava os rebanhos.

Os fojos existem apenas no norte da Península Ibérica e são basicamente de dois tipos – de cabrita e de paredes convergentes. Nos primeiros, de forma circular, era colocada uma cabra que servia de engodo para atrair o lobo. Os de paredes convergentes, constituídos por duas paredes que convergem para um fosso, implicavam uma batida que envolvia toda a aldeia e, por vezes, as aldeias vizinhas. Os batedores conduziam o lobo para o fojo e este acabava por cair no fosso, previamente dissimulado com vegetação.

No início do século XX, com a vulgarização do uso do veneno e das armas de fogo, os fojos deixaram de ser usados e foram esquecidos. A acção do tempo, o vandalismo e a pilhagem de pedras contribuíram para a sua degradação. No final de 1999 foi criada a associação Fogiun Lupal, um grupo de trabalho ibérico com o objectivo de inventariar, caracterizar e conservar os fojos. Para Francisco Álvares, membro do Grupo Lobo e um dos mentores da associação, a conservação dos fojos é imperiosa. “ São testemunhos únicos da arquitectura rural que simbolizam a relação ancestral do homem com o lobo na Península Ibérica”

Em "www.ecotura.com"

Os lobos já não metem medo e o tempo promete ajudar, por isso toca a andar!